domingo, 15 de agosto de 2010

Um país inteiro para se modificar

Periodicamente os brasileiros afirmam que vivem em uma democracia,principalmente após a fase de ditadura.Por democracia entende-se a existência de eleições,de partidos políticos e da divisão dos três poderes,além da liberdade de pensamento e de expressão.Por autoritarismo entende-se um regime de governo em que o estado é ocupado por meio de um golpe,não há eleições nem partidos políticos,o poder Executivo domina o Legislativo e o Judiciário,há censura do pensamento e da expressão,além de prisão dos inimigos políticos.Em geral,democracia e autoritarismo são vistos como algo que se realiza na esfera do Estado e este é identificado como modo de governo.
Essa visão é cega pois pode-se englobar outros fatos e caracterizá-los como autoritário ou democrático,sendo assim o Estado brasileiro seria apenas um mediador das vontades do povo ou um ditador que força a população a praticas benéficas à nação?
Muitos diriam que o Estado brasileiro é apenas mediador e democrático,mas ao contrário do que pensa esta maioria,o autoritarismo domina o modo como os governantes administram o país.Não o autoritarismo exemplificado no início do texto ,mas um autoritarismo que funciona como uma mão invisível que manipula uma sociedade alienada e acomodada.
Tendo como definição de Estado,o órgão responsável pelo controle e organização da sociedade,pode-se identificar este como uma arma para a realização da vontade daqueles que conseguem dominar pólos responsáveis pela manutenção do país,como a economia,assim tem-se no Brasil uma sociedade hierárquica, onde existem dominados e dominantes.Porém esse modelo não é questionado pela população,sendo assim , não se tem como evitar as práticas abusivas do autoritarismo.
O paternalismo também é evidente em nossos governantes sendo que tratam seus subordinados como um pai de família trata seus filhos menores,isto evidencia que a prática da participação política,por meio de representantes,não consegue se realizar no Brasil.Os representantes ,em lugar de cumprir o mandato que lhes foi dado pelos representados,surgem como chefes,mandantes,detentores de favores e poderes,submetendo os representados,transformando-os em clientes que recebem favores dos mandantes.
Leis recentemente criadas,como a lei da palmada,que proíbe qualquer castigo físico (ou agressão moral) a crianças e adolescentes,deixaram a população perplexa e se perguntando se o Estado tem o direito de interferir na vida do cidadão desta forma.O Estado brasileiro interfere na vida das pessoas para manter o controle sobre elas,pois tem em suas mãos uma população insuficientemente educadas para reconhecer os limites de uma vida harmónica em sociedade,estas são assim por vontade dos próprios dominadores.E enquanto todos os cidadãos não enxergarem a realidade e se libertarem desta alienação massificadora,o Estado terá o direito de intervir desta forma.
Estas leis,porque exprimem ou os privilégios dos poderosos ou a vontade dos governantes,ou por integrar os menos civilizados,como é o caso da lei das palmadas,não são vistas como expressão de direitos nem de vontades e decisões pública coletivas.Assim o Estado se torna ineficiente,burocrático, e autoritário,portanto,sem a atitude de toda a população, a única relação possível com ele será a da transgressão (o famoso "jeitinho").
Karl Marx exemplificou este processo quando disse:"Uma organização social nunca desaparece antes que se desenvolvam todas as forças produtivas que ela é capaz de conter ,nunca relações de produção novas e superiores se lhe substituem antes que as condições materiais de existência dessas relações se produzam no próprio seio da velha sociedade.É por isso que a humanidade só levanta os problemas que é capaz de resolver e , assim, numa observação atenta,descobrir-se-á que o próprio problema surgiu quando as condições materiais para resolvê-lo já existiam ou estavam,pelo menos ,em vias de aparecer."
Como se observa,a democracia,no Brasil,ainda está por ser inventada.

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