segunda-feira, 24 de junho de 2013

Bem que podia...


Bem que a copa podia ser a chaga desse país, assim era só ela nunca ter sido trazida para cá que tudo seria resolvido... mas esse país é assassinado por uma política arcaica, baseada no café com leite, e no coronelismo do século passado, dominada por um clientelismo que não acaba nunca. Acha que tudo isso é só de tempos de outrora? então observe bem o STF, observe bem a posse de Joaquim Barbosa, e veja quem estava presente à aquela cerimônia. É só pegar um jornal e ver que sempre há noticias de mortes por falta de leitos, ou pessoas em macas nos corredores; Crianças cada dia menos interessadas em estudar, curvando-se ao crime cada dia mais cedo, sujeitas à escolas sucateadas, com professores mal remunerados. Assassinatos e roubos não preciso nem comentar a intensidade com que acontecem. É claro, isso tudo é culpa dos partidos, dos políticos corruptos, da má administração pública . E nós? nós estamos ilesos nisso tudo?? Presos à esse mundo sanguinário, construímos nossas cúpulas de cristal, para proteger-nos dessa violência que acaba sendo intensificada pelas emissoras sensacionalistas. Construímos nossas cúpulas de cristal, fechando-nos ao individualismo sem fim, como se não fizéssemos parte de um coletivo maior. É claro, precisamos ter nossas individualidades, mas não precisamos deixar de olhar para o sujeito que está ali jogado na rua. Ah que bom se fosse apenas isso, mas não. Construímos uma democracia, que hoje fica mais como um rótulo de democracia, e não enxergamos isso. Não sabemos ao menos o que é democracia ou as suas diretrizes, consideramos como democracia, aquele conceito de que o Estado não interfere na minha vida particular, e não o outro conceito onde as pessoas interferem na vida do Estado. Pessoas desinteressadas, que nunca leram um livro inteiro, ou ao menos sabem a história do seu país... A internet está aí, e o que procuramos nela? apenas o trivial. Ficamos escravos da preguiça, ficamos escravos do ato de ser clientes, somos como crianças que precisam ser alimentadas, assim exigimos que os governos nos sirva, as pessoas nos sirva, e quando elas nos deixam de servir, ficamos muito revoltados. Aí saímos as ruas apenas quando mexem nos nossos bolsos, quando a economia não vai bem, quando a inflação já esta alta. E quando as pessoas são despejadas para darem lugar aos estádios da copa? saímos as ruas? não... eles são vândalos... Mas o pior de tudo, é quando mendigos invadem um shopping porque também querem o direito de serem consumidores. E assim tudo vai num ciclo um tanto quanto interminável. É preciso pararmos , fecharmos os olhos e ver. Recuperar a lucidez, resgatar o afeto. "Uma coisa que não tem nome, essa coisa é o que somos". E um mundo onde as aparências são o mais importante, um mundo onde o preconceito habita a mente das pessoas, um mundo onde não há interesse pelo saber, um mundo onde ser honesto é uma exceção, um mundo onde estamos cegos, realmente cegos, o problema torna muito maior do que a Copa do mundo ou as Olimpíadas, ou a corrupção... O problema passa a ser um aglomerado de coisas, onde os animais que somos nós passamos a fazer parte. " Se podes olhar, vê. Se podes ver, repara." ... e assim as coisas vão caminhando, entre pessoas que apontam o dedo e não percebem que há mais três apontados para ela.


Raphael F. Lopez

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