sábado, 15 de junho de 2013

O País que vamos deixar aos nossos filhos

Recebemos de nossos pais um país que estava sob o fervoroso clima que derrubou o então presidente Fernando Collor, e que alguns anos atrás havia conseguido o direito de votar democraticamente. Foi esse o país que recebemos de nossos pais, e agora, vendo todos esses protestos que andam ocorrendo pelo país, me pergunto qual é o Brasil que vamos deixar aos nossos filhos? Um país melhor, mais fraterno, ou um Brasil onde a polícia agride cruelmente jornalistas e manifestantes, onde a polícia, que deveria proteger as manifestações, aparece tão bem armada que o clima não parece mais democrático. É claro, a polícia tem que proteger o patrimônio público, e além de tudo, ela cumpre ordens, ordens de políticos que se fecham em suas cúpulas de cristal, como se fossem pessoas intocáveis que só encontram a população durante as eleições.
Qual é o país que vamos deixar aos nossos filhos? Um país que gasta de forma irresponsável sem pensar na inflação que pode abater os nossos cofres, só para manter a imagem de país do futuro. Um país onde condenados pelo STF continuam em seus cargos no legislativo como se fossem superiores a lei, e o que é pior, fazem projetos como a PEC 37. Um país que massacra os seus índios, que tira pessoas de suas casas para abrir espaço aos estádios da copa, e dão apenas 8 mil reais a essas pessoas (Uma casa por 8 mil? Só se for na Lulandia). Um Brasil onde a criança sai da escola sem saber matemática e sem saber sua língua materna, onde professor não tem incentivos ao seu trabalho, onde construir cadeias é mais importante do que escolas. A verdadeira face do nosso país amarelinho é a de pessoas morrendo na porta dos hospitais por falta de leitos, é a de policiais que não recebem um salário digno, é a de manifestantes tendo o seu direito de livre expressão cassados; É! Realmente o nosso país tem que estar amarelo de vergonha.
“Se soubesse que o mundo se desintegraria amanhã, ainda assim plantaria a minha macieira. O que me assusta não é a violência de poucos, mas a omissão de muitos. Temos aprendido a voar como os pássaros, a nadar como os peixes, mas não aprendemos a sensível arte de viver como irmãos.” Martin Luther King.
Eu fico a perguntar-me, o que faz um jornalista em rede nacional, a dizer que os protestos na Turquia são legítimos porque lá estão lutando contra os abusos de islã, e aqui são vândalos de classe média que nem usam transporte público, e, portanto não tem motivos para protestar. E o preconceito dele com o islã é legitimo? Lutar por um direito do coletivo, mesmo quando você não utiliza deste direito, torna ele não legitimo? E a compaixão por aqueles que ganham um salário mísero e necessita do transporte publico para chegar ate o trabalho? Infelizmente temos pessoas que se acham mais importante do que outras, simplesmente porque tem um diploma, ou um cargo importante, e fecham-se em suas casas como se não vivessem em sociedade, e esquecem que quanto maior a importância de seu cargo, maior é a responsabilidade perante o coletivo.
Onde esta nossa capacidade de amar o próximo como a si mesmo? Onde esta nossa capacidade de sonhar? Onde está nossa capacidade de sonhar com um país melhor e mais democrático para todos? Não importa aqui sairmos às ruas contra o aumento da passagem dos ônibus, não importa aqui gritos de liberdade, isso tudo é consequência, e a causa é amar, amar outro brasileiro por ele fazer parte de seu país e se condoer-se quando lhe roubam um direito. Estamos perdendo nossa capacidade de amar, e quando saímos às ruas e pedimos um transporte mais barato, é porque amamos o nosso país, e acima de tudo, o Brasil somos nós, e não essa corja de corruptos que ocupam o poder.
O país que vamos deixar para nossos filhos, não é uma questão de ideologia, ou partidária, é uma reflexão de todos, sejam de direita ou de esquerda
, petistas ou tucanos,  amantes da politica ou que a odeiam. Os filhos de todos vão viver nesse país, e um dia estaremos velhos e nos questionaremos, será que não fiz pouco pelo meu país? Será que era esse o país que eu queria que meu filho vivesse?
Faço uso, assim, das palavras de Charles Chaplin:
“Sinto muito, mas não pretendo ser um imperador. Não é esse o meu ofício. Não pretendo governar ou conquistar quem quer que seja. Gostaria de ajudar – se possível – judeus, o gentio... negros... brancos(...)
Todos nós desejamos ajudar uns aos outros. Os seres humanos são assim. Desejamos viver para a felicidade do próximo – não para o seu infortúnio. Por que havemos de odiar e desprezar uns aos outros? Neste mundo há espaço para todos. A terra, que é boa e rica, pode prover a todas as nossas necessidades(...)Mais do que de máquinas, precisamos de humanidade. Mais do que de inteligência, precisamos de afeição e doçura. Sem essas virtudes, a vida será de violência e tudo será perdido.”

Abaixo essa violência à liberdade de expressão! Vamos construir um Brasil que realmente seja digno para nossos filhos, um Brasil que nos orgulhemos de dizer: Foi esse o país que construí para os brasileiros. “Se não nos deixam sonhar, não os deixaremos dormir.”

Raphael F. Lopez (Um brasileiro indignado)

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