6 horas da manhã... É hora de acordar e ir trabalhar, é hora
de começar o dia, de sustentar a vida. E como todos os dias eu me pergunto,
para que todos estão trabalhando com tanta intensidade? É claro, o planeta
precisa de recursos, as pessoas precisam ter o que comer o que vestir, o que
calçar, ou seja, os trabalhadores não podem parar.
O importante é trabalhar, ou estudar, ou pelo menos fazer
algo da vida, é por isso que todos perguntam o que você esta fazendo da vida no
momento. O importante é deixar tudo funcionando como está. As pessoas não
pensam em ousar, fazer diferente, questionar
porque existem ou porque trabalham, apenas querem existir. Existir este
belo niilismo. Certa vez encontrei um homem que dizia que existiam pessoas que
leram o Zaratustra de Nietzsche e as que não leram, que essa era a melhor forma
de classificar as pessoas pela sua potencial consciência.
Bom, então queira eu levantar essa maquina orgânica para
contribuir na produção de bens para as pessoas. Mas e se eu não for trabalhar?
É claro, serei demitido. Porque existe um exército de desempregados esperando
por empregos. A vida é assim, ninguém é tão substituível a ponto de se parecer
inútil, mas no fim todos são substituíveis a ponto de serem inúteis. Talvez
essa seja a maior dor da humanidade, todos morrerão, e a sociedade continuará
da mesma forma, como se nunca tivéssemos nascido, como se nunca tivéssemos
construído uma história. Essas são as mãos do tempo, constroem você como se
fosse à infinita promessa do mundo e depois te jogam do abismo como se fosse
carne para os mais fortes devorarem.
Olhe o meu relógio, ele vai passando as horas, marcando o
tempo, cumpre apenas o seu dever pelo qual foi criado. O ser humano não, o ser
humano é o único ser vivo que constrói sua essência com o tempo, que não nasce
com o seu dever estampado, assim disse Sartre. Então, posso concluir que todos
somos eternas promessas, basta sabermos se somos promessas para a conquista de
bens materiais, ou se somos promessas para nos tornarmos seres maiores, e
melhores, ou seja, a eterna promessa para nós mesmos. Não vamos tornar de nossa
existência um mero acidente da história, uma mera construção social, vamos
tomar as rédeas de nossas carrocerias e murmurar flores da nossa eterna busca
para tornarmos aquilo que somos. Vamos viver o eterno retorno da história,
vamos romper as amarras do sistema que nos prendem.
É como se todos nós estivéssemos vagando em um túnel escuro,
onde há pistas para encontrarmos uma saída, uma saída que nos leva apenas onde
a história tem que ir. Mas será que há saídas diferentes? Se há, são elas que
temos que descobrir, são elas que temos que buscar. Se não buscarmos as saídas
tradicionais, alguém irá busca-las, e cumprir aquele papel que a história os
incumbiu. As saídas alternativas não, elas são uma busca única, infinita, que
delimita saberes, mitologias, elas serão caminhos para nossa própria história.
Mas é melhor eu ir trabalhar, porque uma coisa é certa:
somos eternos caminhantes de uma estrada desconhecida, buscando a luz para
encontrarmos o nosso destino... E... “Nos livros de história seremos a memória
dos dias que virão... Se é que eles virão”.
Raphael Ferreira Lopez 27/01/2013
Raphael Ferreira Lopez 27/01/2013
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